sábado, 26 de agosto de 2017

Tolkien: uma biografia, de Michael White

Assim, do estudo de línguas antigas, Tolkien começou a apreciar o conceito de mito, de sua função como um documento da cultura. Ao compreender isso, pôde então iniciar a elaboração de sua própria mitologia para descrever uma cultura ficcional, de fato todo um universo ficcional, cujas raízes se encontram nas línguas dos povos do seu reino de fantasia. Para ele, a língua, e em particular a língua dos elfos, oferece a semente da qual se originou o épico.1

Confesso que até bem pouco tempo não tinha ouvido falar do professor de Oxford, John Ronald Reuel Tolkien (1892-1973), o célebre autor de O senhor dos anéis e O Hobbit em evidência hoje também no cinema.

         Tolkien na sua infância passou por momentos de grande tribulação, vindo a "assistir" prematuramente a morte do pai e da mãe e tendo que perambular em diversos lares na adolescência junto com seu irmão. É neste clima de incertezas e falta de esperança que a Igreja Católica surge em sua vida, e o padre Francis lhe orienta por um bom período até seu casamento.

         O ingresso como estudante em Oxford, a paixão turbulenta por Edith (que só veio a acalmar-se já no final de suas vidas), a participação na Grande Guerra, a perda dos seus amigos nas trincheiras francesas e as correções quase sem fim de provas dos alunos foi a atmosfera que levou Tolkien a gestar suas duas grandes obras.

         O livro percorre os caminhos conflituosos do autor inglês que em meio a Segunda Guerra Mundial precisou produzir para atender aos anseio dos seus editores, mas que graças a uma personalidade perfeccionista não atendeu aos expectativas das editoras, pois precisava rever cada termo, cada palavra tão presente em seu mundo e em seus pesadelos.

         Acima de tudo, já no fim da batalha, Tolkien percebeu que deveria fazer concessões para ter sua obra publicada, assim os acertos financeiros foram relegados a segundo plano, mas as edições fracionadas de O senhor dos anéis foi um sucesso na Inglaterra, nos Estados Unidos e em inúmeros outros países.

        
Penso que Tolkien viveu com inúmeros pesadelos e conseguiu inserir nas suas histórias estes dilemas, que ainda não li nenhum dos dois supracitados – e o filme até agora me causou repulsas -  todas as agruras de sua vida, bem como sua religiosidade (que parece um misto de códigos) e no final da sua vida na academia rodeado de livros e amigos, assim pôde respirar suavemente.

         O esforço de Michael White em “Tolkien uma biografia” é o de retratar ainda que panoramicamente as diferentes etapas de vida do consagrado autor na busca por dar materialidade aos seus personagens, e o mundo hoje é presenteado com as histórias infantis do velho professor inglês.
        
Referência:

WHITE, Michael. Tolkien: uma biografia. Rio de Janeiro: IMAGO Editora, 2002. p. 91.

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