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Assim,
do estudo de línguas antigas, Tolkien começou a apreciar o conceito de mito, de
sua função como um documento da cultura. Ao compreender isso, pôde então
iniciar a elaboração de sua própria mitologia para descrever uma cultura
ficcional, de fato todo um universo ficcional, cujas raízes se encontram nas
línguas dos povos do seu reino de fantasia. Para ele, a língua, e em particular
a língua dos elfos, oferece a semente da qual se originou o épico”.1
Confesso
que até bem pouco tempo não tinha ouvido falar do professor de Oxford, John
Ronald Reuel Tolkien (1892-1973), o célebre autor de O senhor dos anéis e O
Hobbit em evidência hoje também no cinema.
Tolkien na sua infância passou por momentos de grande
tribulação, vindo a "assistir" prematuramente a morte do pai e da mãe e tendo que
perambular em diversos lares na adolescência junto com seu irmão. É neste clima
de incertezas e falta de esperança que a Igreja Católica surge em sua vida, e o
padre Francis lhe orienta por um bom período até seu casamento.
O ingresso como estudante em Oxford, a paixão turbulenta por
Edith (que só veio a acalmar-se já no final de suas vidas), a participação na
Grande Guerra, a perda dos seus amigos nas trincheiras francesas e as correções
quase sem fim de provas dos alunos foi a atmosfera que levou Tolkien a gestar
suas duas grandes obras.
O livro percorre os caminhos conflituosos do autor inglês
que em meio a Segunda Guerra Mundial precisou produzir para atender aos anseio
dos seus editores, mas que graças a uma personalidade perfeccionista não atendeu
aos expectativas das editoras, pois precisava rever cada termo, cada palavra tão
presente em seu mundo e em seus pesadelos.
Acima de tudo, já no fim da batalha, Tolkien percebeu que
deveria fazer concessões para ter sua obra publicada, assim os acertos
financeiros foram relegados a segundo plano, mas as edições fracionadas de O
senhor dos anéis foi um sucesso na Inglaterra, nos Estados Unidos e em inúmeros
outros países.
Penso que Tolkien viveu com inúmeros pesadelos e conseguiu
inserir nas suas histórias estes dilemas, que ainda não li nenhum dos dois supracitados – e o filme até agora me causou
repulsas - todas as agruras de sua vida,
bem como sua religiosidade (que parece um misto de códigos) e no final da sua
vida na academia rodeado de livros e amigos, assim pôde respirar suavemente.
O esforço de Michael White em “Tolkien uma biografia” é o de
retratar ainda que panoramicamente as diferentes etapas de vida do consagrado
autor na busca por dar materialidade aos seus personagens, e o mundo hoje é presenteado
com as histórias infantis do velho professor inglês.
Referência:
WHITE, Michael. Tolkien: uma biografia. Rio de Janeiro:
IMAGO Editora, 2002. p. 91.
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