sexta-feira, 11 de março de 2011

Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida.



Concluí esta semana a leitura deste livro que compõe a lista dos clássicos da literatura brasileira inserido no estilo da prosa romântico, segundo Tufano (1996, pg. 101) “pode ser classificado em urbano, sertanejo ou regionalista, histórico e indianista”.

O autor Manuel Antônio de Almeida optou primeiramente em publicar capítulos do livro periodicamente num jornal do Rio de Janeiro, Correio Mercantil, entre os anos de 1852 a 1853. Esta opção veio a satisfazer o gosto de leitura dos jovens das classes mais abastadas da capital do Império ávida por produções dessa natureza.

Tudo acontece na época em que o Imperador D. João VI encontrava-se no Brasil junto com diversos outros portugueses fugindo das batalhas travadas por Napoleão Bonaparte na Europa. Nesse contexto, surge o genitor do nosso personagem principal, o meirinho Leonardo Pataca, que num dos navios que atravessou o Atlântico inicia o romance com aquela que viria a ser a mãe de Leonardo, futuro Sargento de Milícias.

Diferente de outros autores que prezassem na sua escrita por detalhes ricos do Rio de Janeiro com todo o esplendor e pompas monárquicas, o autor prefere comentar situações da classe mais desprovida de riquezas naquela sociedade: meirinhos (um espécie de oficial de Justiça), barbeiros, viúvas em conflitos por herança, jovens com vida desregrada, adúlteras, fornicadoras, etc.

Divalte (2000, pg. 233) diz que nesse período

“a vida cotidiana das famílias de homens livres, pobres e remediados tornou-se mais difícil por causa do aumento do preço de materiais de construção, da valorização dos aluguéis e da elevação do preço dos imóveis”.

O nosso Leonardo cresce num lar conturbado e após seu pai constatar que sua mãe o havia traído (só ele não sabia) a criança passa a ser cuidada pelo padrinho que exerce o ofício de barbeiro. Assim, com toda boa vontade o padrinho planeja que o pequeno estude e se prepare para ser sacerdote, mas aquela criança não tinha vocação para tal função, e após a morte deste protetor entra em conflitos com seu pai.

O jovem já com os sentimentos aflorando se apaixona por uma sobrinha da jactosa Dona Maria detentora de uma considerável herança, mas infelizmente não consegue atingir seu objetivo visto que a donzela se casará com o trapaceiro José Manoel.

Durante todo o enredo Leonardo é empurrado pelo autor em inúmeras confusões vindo a ser diversas vezes preso pelo Major Vidigal e segundo Dona Maria “ é sina, coitado! Aquele rapaz não nasceu em bom dia; não, comadre; isso sou eu capaz de jurar pela salvação da minha alma...” (Almeida 1997, pg. 178).

A história termina com o Leonardo elevado ao posto de Sargento de Milícias e casado com a sobrinha viúva de Dona Maria, e ainda tendo seu pai lhe devolvido a herança deixada pelo seu padrinho falecido.

Como esta obra fora publicada originalmente em partes talvez não se tornasse tão enfadonha para os leitores de então, todavia encontrei um vício do autor de “andar em círculos”, repetindo situações parecidas e sempre focalizando os atrapalhos de Leonardo.

O livro não retrata tantas características da arquitetura carioca, tampouco costumes pormenorizados da vida do povo, mas prende-se a narrar a complicada vida de Leonardo que de repente, se torna Sargento de Milícias.

Mas, apesar dessas repetições e da falta de criatividade de gerar cenas que coloquem o leitor num plano alternado de situações, vale a pena conhecer um pouco do romance e desse contexto do Brasil com a Família Imperial portuguesa.

Referências:

ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um Sargento de Milícias. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997. 192 p. (Biblioteca Folha).

FIGUEIRA, Divalte Garcia. História. São Paulo: Ática, 2000. 432 p. (Novo Ensino Médio).

TUFANO, Douglas. Estudos de Literatura Brasileira. 5. ed. São Paulo: Moderna, 1996. 352 p.

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